A descoberta da vontade de Deus não é um momento mágico, mas o resultado de uma história de amizade com Deus. Trata-se de um processo de maturação, pelo qual vou conhecendo melhor Jesus, o Seu estilo e o Seu projeto, e a mim mesmo/a.
Desta forma, vou aprendendo a ler os sinais (interiores e exteriores) que me mostram o que me apaixona, o que me move, o que me interpela e desafia, o que me provoca… para, finalmente, poder aderir, responder em fidelidade ao mais íntimo de mim mesmo/a – aí onde o Espírito habita, diz Santo Agostinho –, ao que, de fundo, sei que é melhor para mim.
A vocação só se descobre e percebe em relação com Deus. Portanto, o primeiro meio – insubstituível – é a oração. Através dela, vou percebendo os “toques” e sinais de Deus (o que me faz mais feliz, onde me sinto mais livre, o que me atrai/repugna…). Aprendo a ler estes sinais pelo discernimento. Para aprender a ler estes sinais e a fazer caminho, é imprescindível falar com uma pessoa mais experiente. É o acompanhamento espiritual.
Portanto, para chegar a descobrir a vontade de Deus e poder responder-Lhe em liberdade, é preciso:
Rezar é dar tempo só para Deus, como se faz com um amigo. Através da oração, disponho-me interiormente a conhecer Jesus e a perceber como posso ser mais parecido/a com Ele na minha vida concreta.
Por exemplo, na oração, sou confrontado/a com uma frase do Evangelho que “mexe comigo”; ou, no dia a dia, contemplo uma paisagem, tomo contacto com uma cena de sofrimento ou de pobreza, ouço uma palavra de alguém… e sinto que me afeta, que não me deixa indiferente. Na oração, posso aprofundar este “toque de Deus” e perceber por que é que me tocou e em que medida é que a minha vida pode mudar com este toque: o que quis Deus dizer-me com isto?
Não é fácil saber o que realmente quero. A maior parte das vezes é preciso ir tirando algumas capas (como na cebola), para encontrar:
Este caminho de descoberta de Deus e de mim mesmo/a faz-se com a ajuda de um ou uma ACOMPANHANTE ESPIRITUAL, uma pessoa com mais experiência espiritual que me ajuda a dar sentido às chamadas de Deus na oração, a distinguir os meus sentimentos e pensamentos e também a tomar consciência das minhas «defesas», dos obstáculos que, consciente ou inconscientemente, vou pondo àquilo que pode parecer mais exigente, mais difícil ou que pode pressupor a existência de algumas ruturas ou escolhas que me levem a pôr de lado coisas boas.
Neste processo de DISCERNIMENTO, vou aprendendo também a perceber a linguagem de Deus.
Santo Inácio, o fundador da Companhia de Jesus, ensina-nos a estar atentos às moções (movimentos) espirituais – àquilo que sentimos e pensamos – e à direção, ao caminho por que estas moções nos conduzem. Assim, Santo Inácio fala de:
Com a ajuda da oração e do acompanhamento espiritual, vou aprendendo a discernir o que se passa em mim para poder descobrir a vontade de Deus e a responder-Lhe cada vez com mais liberdade.